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EXISTÊNCIAS COMPARTILHADAS: BIOGRAFIAS DE ARTISTAS QUE INTEGRAM A COLEÇÃO DO MUSEU UNIVERSITÁRIO MUQUÉM

 

JAIRO JOSÉ CAMPOS DA COSTA

SÉRGIO ROGÉRIO OLIVEIRA DA SILVA (Orgs.)

EXISTÊNCIAS COMPARTILHADAS: BIOGRAFIAS DE ARTISTAS QUE INTEGRAM A COLEÇÃO DO MUSEU UNIVERSITÁRIO MUQUÉM é um livro que resultou da pesquisa desenvolvida, ao longo de três anos, pelo Núcleo de Pesquisa em Literatura e Artes Visuais Populares-NUPLAV/CNPQ, do Campus V da Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL, em União dos Palmares, envolvendo alunos egressos e matriculados no Curso de Letras do Campus V, como também do Curso de Direito, da Faculdade da Cidade de Maceió-FACIMA e do curso de Educação Física, da Universidade Federal de Alagoas-UFAL. Os dois últimos ingressaram no grupo de pesquisa quando iniciaram Letras em nosso Campus, depois foram para outras instituições com o objetivo de estudarem outras áreas, mas mantiveram o vínculo. Foi uma boa experiência e uma ótima interação. A nossa ideia foi a de apresentar ao público que visita o Espaço de Memória Artesã Irinéia Rosa Nunes da Silva e que se interessa por arte popular, alguns artistas cujas memórias estão preservadas e exibidas no Museu, todos guardadores das práticas tradicionais de modelagem no barro e também em tecido, da Comunidade Quilombola Muquém, União dos Palmares/AL, repassadas, quase sempre, pela oralidade entre as gerações. A estrutura dos textos foi previamente planejada com os envolvidos, momento em que trazemos o pensamento de alguns teóricos que nos ajudaram a compreender essas manifestações de arte popular ligadas ao nosso povo tradicional negro, situamos geograficamente o Muquém, enfocamos elementos da vida dos artistas a partir de dados biográficos e do seu saber tradicional, detalhamos o universo criativo de cada um e concluímos estabelecendo cruzamentos entre as artes figurativas e utilitárias populares com a literatura. Sim! A Arvore da Vida da mestra Iriéia, por exemplo, é uma narrativa pura, lá estão presentes, com maestria engenhosidade poética, todos os elementos estruturantes desse gênero literário, quais sejam: espaço, tempo, personagens, enredo e o narrador. O itinerário da pesquisa, de forma bem panorâmica, seguiu este roteiro: leituras, fichamentos, resumos, discussões, debates. Depois, de câmeras nas mãos, fomos ao Muquém, ora em grupo, ora individualmente. Decidimos quem iria pesquisar quem, fomos ao ateliê de cada um... Neste momento, fizemos fotos do lugar de produção, dos trabalhos modelados, dos artistas, da formação geográfica da lugar, do Rio Mundaú... Depois, a escrita e a reescrita dos textos, entremeados de sucessivos encontros para a revisão, até a montagem final do processo de editoração e organização do livro em formato e-book. Os estudantes da UNEAL envolvidos nesse trabalho receberam bolsa de iniciação científica pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas-FAPEAL, em convênio com a Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL, a quem agradecemos pelo financiamento, sobretudo nesse momento de contingenciamento dos financiamentos de pesquisa para a área da linguagem, portanto, das ciências humanas. Os textos passaram por um processo de escrita/reescrita, repetimos, que resultaram nos seus naturais burilamentos, todavia, aos olhos do leitor mais crítico, poderá encontrar alguma falha que, certamente, não comprometerá a qualidade geral do material. São alunos que se encontram em seus momentos formativos, em nível de graduação e que ainda terão muito o que amadurecer com o caminhar, ao longo da vida intelectual, mas, que de forma ousada, toparam tocar esse projeto. Aplausos! No mais, fica essa singela contribuição de nosso grupo de pesquisa e do próprio Museu, as coisas são integradas, que, só por tirar do silenciamento alguns artistas, já cumpre a tarefa de ampliar a missão do nosso Espaço de Memória e do nosso grupo, de garantir o direito de memória do povo negro alagoano que, até hoje, apesar de políticas pontuais e dispersas entre os poderes, ainda é vítima de todo tipo de negligenciamento e preconceito. Sem falar que o capitalismo, ao tempo em que exibe e supervaloriza alguns que estão inseridos na cadeia, omite o protagonismo de outros. Por fim, acreditamos ser importante destacar que, com a publicação do presente material, ao tempo em que se mostram, com orgulho, aspectos identitários e memorialísticos de nosso espírito de alagoanidade, que, ao nosso entender, encontra-se no entorno, na periferia, fora do centro... as sabedorias tradicionais em tela geram desenvolvimento local e renda para as famílias. Acreditamos que esse casamento fará toda a diferença quando o povo alagoano entender a sua verdadeira raiz cultural que sustenta elementos mais amplos de nossa História e de nossa Cultura. Por trás de cada singularidade demonstrada pelos autores, está um ser humano que resiste e mantém viva a sua tradição, não sendo melhor nem pior do que ninguém, existindo simplesmente. Cabe a nós, elite intelectual do país, trabalhar pela construção de um Brasil em que mergulhe para dentro de si, capaz de rasurar a sua História tida oficial, que se sente branca, europeizada, portanto com sua forma de pensar fraudada nos aspectos da colonialidade e nos valores externos, em detrimento do grande caldeirão que formou e forma a cultura do país.

 

Prof. Dr. Jairo José Campos da Costa

Prof. Esp. Sérgio Rogério Oliveira da Silva

Organizadores

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